Nasci em 1985, no meio do mundo analógico que, quinze anos depois, ia se tornar digital. Cresci sem shopping, sem videogame em casa, mas com a TV ligada nos tokusatsus, super sentais, animes e cartoons que despertaram em mim aquilo que, mais tarde, viraria profissão: transformar histórias em objetos que cabem na mão.
A economia era apertada, o lazer era a televisão, e o primeiro shopping que pisei estava fechado. Ainda assim, o imaginário era imenso. Não era só comigo: uma geração inteira no Brasil cresceu assim — aprendendo a improvisar, a consertar, a criar. Muitos de nós viramos parte da comunidade maker, que hoje impulsiona negócios, carreiras e sonhos por aí.
Como action figures eram caros, descobri o papercraft em 2011 — esculturas 3D de papel. Foi amor à primeira tesoura. Estudei Blender (desde 2013) até me tornar designer de papercraft em 2016. A técnica me deu disciplina, domínio de forma e volume, e carinho pelos detalhes. Mas o mercado nem sempre valorizava como eu sonhava. Comecei a me sentir desconectado daquilo.
Em 2020 comprei a primeira impressora (Longer LK4 Pro). Um ano terrível para o mundo… e duro na bancada. Frustração atrás de frustração, peças quebradas, noites em claro e espera de reposição no AliExpress. Decidi abandonar. E estava tudo bem — às vezes, a gente pausa para não desistir.
Um ano depois, tentei de novo — agora com uma Elegoo. A diferença foi brutal. A qualidade veio, a confiança também, e logo a bancada ganhou companhia. Fui de uma impressora para dez. Enquanto isso, outras pessoas na comunidade maker também prosperavam: o padrão é recomeçar melhor, não perfeito.
Depois de 11 anos numa empresa, fui desligado em julho de 2024. A vida me empurrou para o 3D, e eu mergulhei: estudo, prática, atendimento, entrega. O primeiro semestre foi bom. Voltei ao mercado formal mais tarde, mas o 3D não diminuiu. Continuou a crescer.
Hoje tenho máquinas suficientes para suprir a demanda dos clientes, gerar renda para casa e ainda me divertir criando, expondo e trocando com a galera. A cultura pop que me formou continua aqui, mas agora em forma de projetos reais, que as pessoas tocam, usam e colecionam.
Versões, perfis, fotos dos erros e acertos. Documentar te poupa tempo e vira conteúdo.
Grupos, fóruns e makers locais encurtam o caminho e abrem portas de trabalho.
Explique seu processo, prazos e limites. Confiança nasce de previsibilidade.